sexta-feira, 22 de julho de 2011

DNA da gordura

Testes genéticos prometem dar dicas de como perder peso


Quem está de dieta já pode comprar testes genéticos que afirmam ajudar a perder peso.

Vendidos nos EUA por cerca de US$ 170 ou mais, eles dizem às pessoas como tornar a dieta compatível com os seus genes para perder o máximo de peso possível.

Um deles, fabricado pela Interleukin Genetics, indica aos clientes se eles podem ficar mais magros com uma dieta baixa em gorduras, com poucos carboidratos ou à base de uma alimentação feita sob medida baseada na genética da pessoa, segundo a empresa.

Um estudo conduzido pela Interleukin Genetics e apresentado em 2010 no encontro da Associação Americana do Coração mostrou que mulheres que faziam dietas compatíveis com o teste genético reduziram seu peso em duas a três vezes mais do que aquelas cujas dietas eram supostamente incompatíveis.

Os resultados podem parecer promissores, mas especialistas alertam para o fato de que esses testes não estão prontos para serem vendidos no mercado. Cientistas estão apenas começando a revelar os genes envolvidos na obesidade e na perda de peso, e acreditam que estamos longe de usar essas informações de forma comercial e disponível para todos.

"Não há dúvida de que há predisposição genética para a obesidade", diz Lee Kaplan, diretor do Hospital Geral de Masschusetts, em Boston. "No entanto, não há evidências sugerindo que sabemos quais genes podem garantir sucesso em dietas específicas."

Por enquanto, dizem os especialistas, é melhor ficar com os conselhos já conhecidos de comer menos, exercitar-se mais e incluir frutas e legumes na alimentação.

SEM AVAL DO FDA

A Interleukin Genetics começou a vender os testes genéticos em 2009, mas, como outros exames do tipo, o produto ainda não teve aprovação do FDA (órgão que regula medicamentos nos EUA).

A companhia afirma que revisou artigos científicos e identificou quatro genes relacionados ao peso, ao IMC (Índice de Massa Corporal) e à gordura que também estão relacionados à forma como as pessoas responderam à dieta e ao exercício. Os genes estão envolvidos na quebra de carboidratos e na absorção ou no metabolismo de gordura no corpo.

Para fazer o teste, as pessoas passam um cotonete na saliva e mandam a amostra por correio. A empresa afirma, então, que analisa o DNA para ver qual versão dos quatro genes a pessoa tem. Os clientes são classificados em sensíveis a carboidratos, sensíveis a gordura, uma mistura dos dois ou nenhum dos dois.

Os sensíveis a carboidrato supostamente se beneficiam mais de uma dieta com menos carboidratos, e a mesma lógica é aplicada aos sensíveis a gordura. Os outros dois recebem uma dieta saudável que não envolve restrições a carboidratos ou gordura.

Duas empresas canadenses e uma da África do Sul fabricam testes similares para dieta e exercícios.

Segundo especialistas, quando for possível detectar quais genes afetam a obesidade e a perda de peso, provavelmente haverá dúzias deles, se não centenas.

Eles argumentam ainda que o estudo da Interleukin Genetics precisa ser publicado em um periódico médico para garantir que os resultados sejam válidos.



A descodificação feita já nesta década dos cerca de 30 mil genes distribuídos por 23 pares de cromossomas que constituem o genoma humano traz a possibilidade de conhecer melhor não só todas as doenças originadas por alterações dos genes (como o cancro, por exemplo) mas também saber a probabilidade que temos de desenvolver doenças como, além do cancro, o Alzheimer, a obesidade, o diabetes, a hipertensão, doenças cardiovasculares, etc. Surgirão novas tecnologias clínicas baseadas em diagnósticos de DNA e terapias de substituição de genes defeituosos. Será dada cada vez maior ênfase à prevenção destas doenças actuando sobre as condições ambientais e de estilo de vida que podem desencadeá-las. É aqui que entra a dieta do futuro. O cruzamento da informação relativa ao genoma humano com a do genoma dos variadíssimos alimentos (plantas e animais) permitir-nos-á, brevemente (espera-se!), identificar os alimentos mais benéficos para cada pessoa a partir dos seus genes, de modo a melhor prevenir as doenças para as quais está predestinada.

A nutrigenómica e a nutrigenética, ciências das quais ouviremos falar cada vez mais, estudam as complexas interacções entre os genes, os nutrientes e o metabolismo humano. A nutrigenómica é a ciência que estuda o modo como as moléculas contidas nos alimentos podem agir sobre o DNA, activando alguns genes ou, de forma contrária, regulando-os negativamente (regulações up ou down, respectivamente). O termo nutrigenética, por sua vez, refere-se à identificação de possíveis variações genéticas (polimorfismos) que ocorrem no organismo humano como resposta à introdução de alimentos específicos.

A dieta do futuro está aí e será personalizada ao extremo do conhecimento do genoma de cada um de nós. A prática da nutrição clínica atingirá, certamente, um novo nível.

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