quarta-feira, 30 de março de 2011

GENÉTICA

Cientistas americanos descobriram um mecanismo molecular que controla o consumo de energia nos músculos e que permitiria regular o peso, segundo trabalhos efetuados com cobaias e divulgados nesta terça-feira.

Os autores deste estudo publicado na Cell Metabolism estimam que a descoberta poderá desembocar num novo enfoque clínico do tratamento do excesso de peso e da obesidade, que afetam um terço da população adulta dos Estados Unidos.

Esse mecanismo leva o organismo a armazenar calorias e contribui, portanto, com o aumento do peso. Experiências precedentes em animais haviam mostrado que indivíduos desprovidos desse mecanismo de armazenamento queimavam mais calorias e estavam menos expostos ao sobrepeso. Portanto, neutralizar esse mecanismo obriga o organismo a utilizar mais energia e a limitar o aumento de peso.

O mecanismo está controlado por canais potássicos sensíveis à molécula denominada ATP (adenosina trifosfato), explicam os cientistas. Esses canais ou KATP participam de numerosas funções biológicas, entre elas a transmissão do influxo nervoso, enquanto que a ATP fornece em todos os organismos vivos a energia necessária para as reações químicas das células.

Um grupo de cientistas austríacos conseguiu identificar o gene responsável pela criação do tecido adiposo e conseguiu regular seu funcionamento em ratos de laboratório. Esse é considerado um passo importante na luta contra a obesidade. A pesquisa dos cientistas do Instituto de Biotecnologia Molecular de Viena, publicada esta semana na revista especializada americana Cell, se baseia na descoberta das funções guardadas no gene "Hedgehog".

De tal gene, parecido em roedores e humanos, se sabia que era responsável por funções importantes na fase embrionária, e agora os cientistas descobriram que na idade adulta é o encarregado de regular o metabolismo dos lipídios.

O tecido adiposo é essencial tanto para controlar o balanço energético (gordura branca) como para regular a temperatura corporal perante o frio (gordura marrom). Os pesquisadores austríacos conseguiram reduzir graças a esta descoberta a produção de gordura branca em roedores, aquela encarregada de manter as reservas de energia e produzir sobrepeso quando a ingestão de calorias é excessiva.

"Quase todos os reguladores da gordura influíam no tecido branco e no marrom da mesma forma. Com o "Hedgehog" se conseguiu pela primeira vez reduzir de forma concreta apenas a gordura branca", explicou o pesquisador Andrew Pospisilik, que não duvida em qualificar a descoberta como uma "sensação".

Os pesquisadores conseguiram regular com sucesso e sem mudanças hormonais o gene "Hedgehog" para reduzir a criação de células adiposas de tipo branco, enquanto as marrons eram geradas com normalidade.

"Transformar a energia dos alimentos em calor corporal em vez de depósitos de gordura é uma ideia atrativa justamente nesta época (de frio)", disseram os cientistas em comunicado para divulgar a descoberta.

Os resultados com roedores gêmeos mostraram um deles visivelmente mais magro, e com pouca gordura branca. "Os ratos adultos (que foram tratados) são claramente mais magros e estão completamente saudáveis", destacaram.

Os cientistas destacaram as enormes possibilidades médicas desta descoberta já que cerca de um bilhão de pessoas sofre de sobrepeso e um terço delas é considerada obeso.

Um simples teste de DNA poderia identificar a dieta mais eficiente para pacientes que querem perder peso, segundo um estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos., cujos resultados foram apresentados na conferência da American Heart Association.

Os resultados de um pequeno estudo preliminar, envolvendo 101 mulheres, mostrou que aquelas que adotaram a dieta considerada mais apropriada ao seu genótipo perderam de duas a três vezes mais peso do que as outras.

Segundo os especialistas, os resultados, apresentados na conferência da American Heart Association, são compatíveis com os de estudos anteriores, mas são necessárias mais pesquisas antes que a descoberta possa ser usada em escala comercial.

Interação entre genes e alimentos
O campo emergente da chamada nutrigenômica estuda como alimentos interagem com determinados genes.

Já é sabido há algum tempo que as pessoas reagem de maneira diferente a certos nutrientes, dependendo de seus genes.

A intolerância à lactose, por exemplo, é muito mais comum entre asiáticos e africanos do que entre pessoas de ascendência do Norte da Europa.

Este estudo avaliou como pessoas com diferentes genes reagiam a diferentes dietas para a perda de peso.

Os pesquisadores analisaram dados de 101 mulheres caucasianas, que forneceram uma amostra de DNA retirada da bochecha.

As mulheres seguiram três dietas diferentes ao longo de um ano. A primeira, muito baixa em carboidratos, a segunda baixa em carboidratos e alta em proteínas e a terceira baixa, ou muito baixa, em gorduras.

As voluntárias foram divididas em três genótipos, descritos como: o que reage positivamente a uma dieta baixa em carboidratos, o que reage positivamente a uma dieta baixa em gorduras e o que reage positivamente a uma dieta balanceada.

Os pesquisadores concluíram que as voluntárias que seguiram a dieta adequada ao seu genótipo perderam de duas a três vezes mais peso durante o período em comparação com as que seguiram a dieta que não era a mais adequada.

'Intrigante'
Especialistas britânicos alertaram para o fato de que o estudo envolveu um número muito baixo de pessoas e não esclareceu quais genes estavam envolvidos.

A cientista Christine Williams, da Universidade de Reading, afirmou: "Este é um estudo muito intrigante - mas muito pequeno".

Ela disse que seria bastante útil saber que genes foram avaliados no estudo.

"Ele corresponde a alguns de nossos próprios estudos que mostram que certos genótipos reagem mais positivamente do que outros a certos tipos de gordura, como dietas ricas em ácidos graxos tipo Omega-3", disse ela.

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